“aquela
escuridão, que eu não me esqueça,
Era
toda ela a noite mais espessa,
O
mais espesso susto, o que não cessa
De
espantar e arder, assombração.”
Lendo
o livro do Chico Lopes, “Florir no Escuro” (Editora Penalux) eu percebi ou me
dei conta de que eu estava no meio de uma “cantiga de ninar fantasmas”, tal as
camadas de silêncio e fúria que perpassam os seus densos versos. De uma densidade
memorialista. Poesia madura, de gente grande que mora na vizinha cidade de Poços
de Caldas.
DUPLO
“Um
demônio de ironia
Nunca
me deixa, tranquilo,
Disciplinar
meu fluir.
Sempre
uma parte de mim
Ri
a valer da outra parte
Que
intenta me corrigir”.
Lá
pelas tantas na leitura do livro deparo-me com o seguinte e expressivo verso:
“poupa-me do açúcar do teu pus”
Destaco
o poema “Horas a fio”, um dos mais fortes do livro, para uma leitura atenta e
concentrada. Mas, sem dúvida, o poema que mais me impressionou é “mãe”.
Contundente e belo.
E
para finalizar essa leitura de um autor que eu não conhecia só posso
recomendá-lo aos interessados em literatura da boa. Ficarei aguardando a
leitura do “Caderno Provinciano”, cujo título já me pegou logo de cara e na
essência.
“e o relógio só dá hora
Para
o mesmo velho encontro -
O
de mim com meus escombros”.
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