domingo, 14 de maio de 2023

FLORIR NO ESCURO


 

“aquela escuridão, que eu não me esqueça,

Era toda ela a noite mais espessa,

O mais espesso susto, o que não cessa

De espantar e arder, assombração.”

 

Lendo o livro do Chico Lopes, “Florir no Escuro” (Editora Penalux) eu percebi ou me dei conta de que eu estava no meio de uma “cantiga de ninar fantasmas”, tal as camadas de silêncio e fúria que perpassam os seus densos versos. De uma densidade memorialista. Poesia madura, de gente grande que mora na vizinha cidade de Poços de Caldas.

 

DUPLO

 

“Um demônio de ironia

Nunca me deixa, tranquilo,

Disciplinar meu fluir.

 

Sempre uma parte de mim

Ri a valer da outra parte

Que intenta me corrigir”.

 

Lá pelas tantas na leitura do livro deparo-me com o seguinte e expressivo verso: “poupa-me do açúcar do teu pus”

Destaco o poema “Horas a fio”, um dos mais fortes do livro, para uma leitura atenta e concentrada. Mas, sem dúvida, o poema que mais me impressionou é “mãe”. Contundente e belo.

E para finalizar essa leitura de um autor que eu não conhecia só posso recomendá-lo aos interessados em literatura da boa. Ficarei aguardando a leitura do “Caderno Provinciano”, cujo título já me pegou logo de cara e na essência.

 

 

 “e o relógio só dá hora

Para o mesmo velho encontro -     

O de mim com meus escombros”.   

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