segunda-feira, 23 de agosto de 2021

A ARANHA E O SONHO

 

Havia uma aranha lá fora

que tecia sua rede

a despeito da chuva

e do desânimo dos homens.

 

Era uma aranha

que tecia a sua rede fora do mundo,

e eu miseravelmente preso a ele

perdia-me em conjeturas sobre o amor

e sobre um livro que acabara de ler.




quinta-feira, 19 de agosto de 2021

1902 - DRUMMOND - 1987


Aqui jaz a poesia

em sua forma mais

plena e vigorosa.

Não há, no mundo,

notícias de que ela

tenha sido

melhor cultivada

do que nas terras

ferrosas dos canteiros

de Itabira.

 





terça-feira, 17 de agosto de 2021

DO VAZIO E SEU PREENCHIMENTO IMPROVÁVEL

 A literatura é um troço engraçado, por mais que a gente faça fica sempre um vazio na receptividade, como se fosse uma pista de mão única. entretanto cabe-nos caminhar por esta estrada deserta e iluminada. um dos clarões da lua aponta para um pequeno blog. convido alguns transeuntes a darem uma olhada e a seguir, mesmo porque não custa nada.

terça-feira, 3 de agosto de 2021


CARNAVAL, BANDEIRA E EU


 


Quero banhar-me nas águas sujas

Quero banhar-me nas águas sórdidas

Sou a mais solitária das criaturas

Me sinto só.

 

Confiei às mulheres os meus amores

Caí de quatro pelas sarjetas

Cobri minha alma de decepções

Valei-me Manuel Bandeira.

 

Vozes da morte contai a história

Da pessoa boa que sempre fui

E eu dormia ouvindo o ruído calmo

Do bambuzal.