quinta-feira, 30 de setembro de 2021

LUZES NOTURNAS

Por Milton Rezende


 Com algumas luzes

que roubei do dia,

edifico um palco

e nele instalo minha alquimia.

 

Expliquei,

com meu silêncio,

a descendência do erro

e continuei sendo uma incógnita

para mim mesmo.

 

Observei,

com minha ausência,

a natureza mesma das coisas

e na aparência em que elas se apoiam

sem contudo deixarem de ser neutras.

 

Passei despercebido

pelos camarotes

e toquei fogo

na indumentária

dos figurantes.

 

Depois deixei o palco,

circunspeto com as luzes

que teciam o óbvio de seu lume

para uma plateia inexistente.

 

E quando o dia incorporou

as poucas luzes que dele roubei

com sua claridade geral,

eu percebi o equívoco

de minha mágica noturna

ao acordar sozinho no vestiário.

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