Aqueles que esperam
que todos durmam
para então se revelarem
no escuro do mundo
agora despovoado
de leis e de homens
que foram fatigados
pela batalha diária
de se ganhar dinheiro
e etcetera e coisa.
Aqueles que se recolhem
quando todos já acordados
recomeçam o ciclo da vida
subitamente interrompido
para o ensaio da morte
e que assim em movimento
não percebem os sonhos
espalhados na noite
por gente incógnita
que digere o mundo
para o sustento possível
de uma impossível unidade
comum a todos os homens.
Aqueles para quem só é viável
o diálogo com os mortos
cuja imobilidade revela a calma
do que antes fora ânsia
ou simples impulso de debate
contra uma série de coisas
que só se percebe neutras
depois que se morre.
Aqueles seres anônimos
que constroem uma realidade
paralela à admissível pelo dia
e que não obstante
substitui o espaço de tempo
necessário ao aprimoramento dos
homens
até que se consiga
a hipotética convergência da
raça
afinal reconciliados em espécie
e sub.
Aqueles que com seus
hábitos
são uma curiosidade para todos
do circo
e um enigma para si mesmos,
palhaços
sem plateia e sem palco nesta
vida.
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