sábado, 11 de setembro de 2021

A ILHA

 



Por Milton Rezende


A ilha com seu silêncio

me comunica a morte

dos seres espectrais

que nela vivem ou já viveram.

 

A ilha cercada por mangues

é um poço de lama e óleo.

 

Os pescadores da ilha

me comunicam o fim

dos pescadores da ilha.

 

Os pescadores da ilha

me apresentam a pesca de um dia,

nada.

 

A ilha com sua morte

me comunica o silêncio

dos seres superiores

que a mataram e matam.

 

A ilha abandonada pelos banhistas

é um deserto de espuma e água.

 

Os frequentadores da ilha

me comunicam o desastre

das praias da ilha.

 

Os frequentadores da ilha

me apresentam o bronzeado de um dia,

petróleo.

 

A ilha com sua sorte

me comunica o crime

dos seres continentais

que seguem impunes.

 

Os pescadores da ilha

me comunicam o fim dos peixes

e voltam tarde para casa.

 

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