terça-feira, 19 de outubro de 2021

TEMPO DE POESIA


 

Maria José, engenheira da palavra, foi em busca da poesia de Milton Rezende e fez um trabalho de levantamento exaustivo dos núcleos constantes de toda a sua obra. Até chegar ao que ela denomina em seu texto de núcleo sutil de erotismo. Até chegar a este estupendo poema de Milton Rezende, intitulado

 

MARIA

 

O céu desaba sobre mim

com sua cara de fogo

e nuvens de cores,

num movimento frenético

no compasso do amor.

Quando terminarmos

e o sol e a lua e as estrelas

forem embora nas alturas,

eu voltarei a ser noite

ou terei incorporado luzes

suficientes para esperar

até a próxima vez?!

 

“Este poema é outro exemplo do núcleo denominado “erotismo sutil” e gira em

torno do re/encontro e sua fugacidade. Intervalos de luz e de sombras em que o poeta se questiona sobre o vazio ou o preenchimento, o vácuo ou a plenitude do amor”. Maria José chegou perto e arriscou sua interpretação.

Chegar até um poema como este, chegar perto do fogo que é este poema, é correr todo o risco de se queimar ao contato com o que ele diz. Porque o poema não diz a melancolia, não permanece no impasse, não escreve a impossibilidade geradora de paralisia. O poema abre-se à fronteira do imprevisível humano. O poema não constata: “E eu voltarei a ser noite.” O poema pergunta sobre as condições de possibilidade de o amor ter deixado marcas luminosas como vagalumes. Que sinalizam o caminho da espera.

A espera é tudo no amor. Uma arte para poucos. E o poema de Milton Rezende é uma espécie de suma preciosa desta arte para poucos. Poucos esperam pelo tempo em sua vinda, pelo que demora. O poema de Milton Rezende demora na pergunta. Com a delicadeza de quem foi marcado pela luminosidade que os corpos produzem quando se atraem. O poema habita o intervalo. E se move e diz de novo o retorno do amor na instabilidade de um talvez.

 

Luiz Fernando Medeiros

 

                                                             ************

                                             Capa comum: 194 páginas

                                               Ano: 2015

                                               ISBN: 978-85-69033-59-2

                                               Idioma: Português 

 

Preço e onde comprar:

R$ 52,00 (frete incluso). Direto com a autora pelo e-mail: mjrezendecampos@gmail.com

Sobre a autora:

Os projetos da engenheira Maria José saltaram da prancheta para a estante de livros, numa arquitetura de palavras e conceitos literários para analisar a obra do escritor mineiro Milton Rezende.

De suas muitas leituras, feitas sobretudo na adolescência, ficaram as sementes (latentes) que lhe proporcionaram a conclusão de sua abrangente dissertação de mestrado, que agora se publica em formato de livro pela Editora Penalux.

Em 2013 concluiu seu Mestrado em Letras, através do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF), sob o título: Tempo de Poesia: Intertextualidade, heteronímia e inventário poético em Milton Rezende, tendo como orientador o Prof. Dr. Luiz Fernando Medeiros de Carvalho, na linha de pesquisa: Literatura de Minas – o regional e o universal.

Incansável em suas pesquisas e incursões literárias participa ativamente do movimento cultural que se opera na cidade de Juiz de Fora, onde reside. O doutorado parece ser o seu próximo e inevitável passo

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário