domingo, 10 de outubro de 2021

NOTA DE FALECIMENTO

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Nota de Falecimento

O poeta, escritor e tradutor Ivo Barroso morreu aos 91 anos, na última terça-feira (5). Ele estava internado na Casa de Saúde São José, no Humaitá, na Zona Sul do Rio. 

Um dos maiores tradutores brasileiros, Ivo Barroso foi responsável por traduzir autores como Shakespeare, Edgar Allan Poe e Jane Austen.

Ivo do Nascimento Barrosos nasceu na cidade de Ervália, Minas Gerais, em dezembro de 1929. Aos 16 anos, ele se mudou para o Rio de Janeiro, morou 25 anos entre Portugal, Holanda, Inglaterra, Suécia e França onde retornou para o Rio onde viveu grande parte de sua vida. 

Filho de um farmacêutico do município de Ervália, seu talento com as letras foi descoberto quando ainda era muito jovem. Escreveu a “Rapsódia Hervalense”, com poemas que retrataram o momento histórico da cidade. “A Biquinha” obra de 1953 foi perpetuada em uma placa na Capela da Biquinha.

Formado em Direito e em Línguas e Literaturas Neolatinas, Ivo trabalhou em algumas editoras e jornais importantes do Brasil, como o Jornal do Brasil e o Estado de S. Paulo, entre outras. Foi assistente do Editor das enciclopédias Delta-Larousse, Mirador e Século XX. Editor-adjunto do Suplemento Literário do Jornal do Brasil, da revista Senhor e de Poesia Sempre (da Biblioteca Nacional). Publicou mais de 30 traduções de grandes autores. Seus livros de versos, Nau dos Náufragos (1982) e Visitações de Alcipe (1991), foram ambos editados em Portugal, onde foi editor da revista Seleções do Reader´s Digest. No Brasil publicou A Caça Virtual e outros poemas (2001, finalista do prêmio Jabuti de poesia daquele ano), editado pela Record. Organizou os livros Poesia e Prosa, de Charles Baudelaire (Nova Aguilar, 1995) e À Margem das Traduções, de Agenor Soares de Moura (Arx Editora, 2003). Escreveu O Corvo e suas traduções (Nova Aguilar, 2000 – agora em 4ª edição, 2019, pelo SESI-SP) e Poesia Ensinada aos Jovens (Tessitura-BH, 2010). Foto de Sandra Mara Franca (2014).

O poeta foi responsável pela publicação de mais de 30 traduções de grandes autores, entre eles Shakespeare, Edgar Allan Poe e Jane Austen. Entre sua premiada e reconhecida obra como tradutor  destacam-se a obra completa de Arthur Rimbaud, os sonetos de Shakespeare, autores como Charles Baudelaire, T.S.Eliot, Herman Hesse, Itálo Calvino, Itálo Svevo, Umberto Eco, André Malraux entre tantos.

Seu último trabalho foi o livro “O Pequeno Príncipe”, a fábula magistral de Antoine de Saint-Exupéry, com um sutil sabor brasileiro. (leia post aqui)

Em seus últimos Posts, ele escrevia muito sobre as memórias de sua infância em Ervália, e dos Irmãos Ney e Léa. Abaixo parte do poema A Morte das Horas, de Ivo Barroso de 1947.

A MORTE DAS HORAS

Quando passar o Tempo que me resta
No relógio-das-horas-do-Destino,
Meu pobre coração, qual velho sino
Que à tarde azul melancolia empresta,

Há de cantar, num dobre vespertino,
Toda a tristeza que não manifesta!
… Ah! um sol de outono a minha vida cresta!…
Adeus, último raio purpurino!…

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