“ meu Deus, porque me abandonaste?
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco”
Drummond
protagonista
de minha vida pregressa
hoje sou coadjuvante
de ruinas.
nas águas do rio
fiz algumas tentativas
mas acabei afogando
na correnteza.
mudei de fase:
virei pescador
de sonhos frustrados
à beira dos barrancos.
galopei como quem
sonha por estradas
poeirentas de Minas
Gerais, sozinho.
empinei pipas e
papagaios em céus
nevoentos de minha
infância distante.
virei (ou tentei virar)
compositor de vanguarda
e fiz parcerias utópicas
com célebres defuntos.
amante de belezas glaciais
as mulheres passaram
por minha vida como
barcos à vela
naufragados.
fui poeta das
condolências
em velórios de interior
quando o defunto era
o que menos importava.
Candidatei-me a
representante
do povo, mas não tinha
propostas viáveis no
bolso
da algibeira rota e
furada.
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