Meu conterrâneo de Ervália-MG, Milton Rezende, grande
poeta, possui a extraordinária capacidade de fazer “poesia factual”, nascida de
sua própria experiência. Milton passou por uma grande provação, ficando entre a
vida e a morte em decorrência de uma operação que se agravou. A cabeça sempre
lúcida, os sentidos cada vez mais aguçados, regressa ele agora ao mundo da
poesia trazendo o substrato de sua vivência, a sua descida ao inferno
existencial. Mas o faz serenamente, sem estardalhaço, com a mestria de quem
realmente atravessou a vida como um andarilho do sonho. Poesia forte, pessoal,
cheia de fúria e som como em Shakespeare. Milton Rezende atingiu o máximo de
sua capacidade de expressão poética, pois conseguiu fazer poemas extremamente
fortes sem um mínimo de sentimentalismo nem autopiedade. Pura experiência
pessoal transposta para a Poesia.
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Ivo Barroso
(poeta, crítico e tradutor consagrado) disse isso em 2017, mas que serve,
igualmente, para este “Da Essencialidade da Água”, que ele, infelizmente, não
conhecerá, pois, faleceu em 2021.
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