quarta-feira, 19 de maio de 2021

DE SÃO SEBASTIÃO DOS AFLITOS A ERVÁLIA - Uma Introdução

 ESPERO POSTAR TODOS OS DIAS, NESTE GRUPO E NO MEU BLOG, ALGUMAS HOMENAGENS E DIVULGAÇÃO DE LIVROS DE AUTORES E AUTORAS DO MEU CONHECIMENTO, ALÉM DOS MEUS PRÓPRIOS, COM PEQUENAS SINOPSES DE LIVROS, POEMAS, FOTOGRAFIAS E MINIBIOGRAFIAS.

ESTATUTO DE ERVÁLIA
(Baseado no poema “Casa”, de Carlos Drummond de Andrade)

Há de dar para o Santo Cristo,
de poder a poder.
Na praça, a matriz,
de poder a poder.
Ter vista para o Cruzeiro
no alto do Santo Antônio,
de poder a poder.
Casas e árvores
comandando a paisagem.
Há de ter muitos espaços
de portas sempre abertas
ao olho e pisar do povo.
Poeira e barro da estrada
nas salas de visitas.
Rio Turvão nos fundos dos quintais
preservando os segredos
da infância e os cadáveres
de família, sepultados.
Terá um verde pasto
com o Herval escrito
no letreiro conservado,
sintetizando o sonho
do novo e do antigo
afinal reconciliados
nas distâncias encurtadas:
fogão de lenha e internet.
Cidade de muitas lembranças
(“e renda de picumã nos barrotes”),
lavouras em curvas de nível
e indústrias nascendo do esterco.
Ervália erguida
no trabalho coletivo, flores
aliviando o suor
e o cansaço dos homens,
recompensados da sede,
da fome e do frio
e do convívio com os mortos.
E as crianças que brincam
resgatando o passado
no presente infinito.
E que todas as pessoas esperem
o dia seguinte
e a Biquinha
alimente a sede
dos projetos futuros.
Ervália há de ser tudo isso,
mais o que sonhamos,
mais os poemas dormidos,
mais a água da chuva nos vidros,
mais os desenhos das nuvens,
mais tudo o que brota
deste solo vermelho e
um sol filtrado através das folhas
de bananeiras e das cercas de arame farpado.
E que todos os ervalenses
escrevam a história de uma terra
que seja a casa de todos,
do contrário não será nunca
a nossa cidade que somos
e que amamos ser,
na distância do encontro
e no silêncio (Careço) das almas.

Milton Rezende in Uma Escada que Deságua no Silêncio, Templo, 2009

SINOPSE DE SÃO SEBASTIÃO DOS AFLITOS A ERVÁLIA – Uma Introdução
Milton Rezende, 44, ervalense, depois de muito pesquisar e após dois anos de trabalho ininterrupto concluiu e agora publica o 1º livro sobre a história de Ervália, município situado na Zona da Mata Mineira.
Trata-se de um ensaio histórico/literário amplamente ilustrado com fotos, quadros, desenhos, mapas, croquis e que, ao longo de suas 300 páginas, traça um painel abrangente (ainda que introdutório) de sua terra natal desde os seus primórdios, no século XVII até os dias atuais.
O livro, que traz a apresentação do poeta e tradutor Ivo Barroso, também filho da terra, conta ainda com o patrocínio da prefeitura local e de duas empresas sediadas em Santa Catarina – SC e pertencentes aos irmãos, Gilmar e José Élson, eles também ervalenses de nascimento e coração.
O autor já publicou quatro livros de poemas: O Acaso das Manhãs, Areia (À Fragmentação da Pedra), Inventário de Sombras e A Sentinela em Fuga e Outras Ausências e esta é a sua primeira incursão pela prosa.
A presente obra encontra-se dividida em capítulos, anexos, iconografia, apêndice e faz referências ao folclore local e seus personagens inesquecíveis. Mescla passado e presente e tenta projetar o futuro, numa permanente busca de uma síntese meio que impossível, mas que é continuamente tentada pelos homens.
Neste livro encontra-se ainda uma pequena antologia de poemas sobre Ervália e escritos por autores ervalenses de diferentes épocas e estilos. Há também letras de música e o vento que sopra do Monumento ao Santo Cristo, numa coreografia de coqueiros.

BIOGRAFIA

Milton Rezende, poeta e escritor, nasceu em Ervália (MG), em 23 de setembro de 1962. Viveu parte da sua vida em Juiz de Fora (MG), onde foi estudante de Letras na UFJF, depois morou e trabalhou em Varginha (MG). Funcionário público aposentado, atualmente reside em Campinas (SP). Escreve em prosa e poesia e sua obra consiste de doze livros publicados.
Fortuna crítica: “Tempo de Poesia: Intertextualidade, heteronímia e inventário poético em Milton Rezende”, de Maria José Rezende Campos (Penalux, 2015).




Milton Rezende
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