O que havia era
o mar
e a necessidade
de atravessá-lo.
Sentar-se à sua
margem
seria
atravessá-lo em sonhos
e evitar o
confronto de suas águas.
Mas o confronto
dos sonhos
com a realidade
fora da cama,
não precisa vir
sob as vestes
profundas dos
oceanos.
Um cadarço de
sapato
demonstra isso e
dispensa
os grandes
cenários
que revestem o
fracasso.
Lançar-se então
despojado
das vestes que
já não tínhamos,
seria
entregar-se com ingênua esperança
à indiferença
das ondas.
Mas o naufrágio do
ímpeto
não é devido
somente
à insipidez do
externo,
é antes uma
interiorização
do medo que
flutua sobre as águas.
Melhor seria
pois atravessá-lo
em silêncio de
homem que tece
a esperança de
um barco com os escassos
recursos
encontrados no vazio das noites.
Então o homem
senta-se à margem do mar
e deposita o seu
barco de fibra de sonho.
Com derradeiro
espírito de luta avalia
o embate
doloroso com as ondas. São mínimas
as
probabilidades de êxito, ele sabe.
Mas como havia a
necessidade,
o homem se joga na
correnteza
e aceita lutando
os golpes previstos.
Resistiu como um
inseto no copo e o seu
corpo depois foi
encontrado na praia, boiando.
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